Quando o verde se atreve em perspectiva linear central e a sua frescura apascenta o meu corpo, distendo-me. E faço-o de tal maneira que a recordação liberta em mim, como num leque, os close-ups de uma tarde quente. Outra.
Era o mesmo jardim. Mais calor. Revi os bancos que se encostavam em ângulo recto e as tuas mãos salientando-se por sobre as calças. Hoje havia silêncio, não o ensaio que me ensurdecia. Bailavam os panos e a sua frescura. O CAM, à direita, era um convite tal a frescura do bambu. Sem ser em jeito de romaria também passei pela rua do restaurante barulhentamente ensurdecedor mas que os teus olhos apaziguavam.
Olhei a minhas mãos. Senti-as vazias e, então, voluntariamente deixei que tudo se esfumasse como o lado de sombra dos rostos nos retratos de Fantin Latour que acabara de visitar.
Lisboa, Gulbenkian, 9 de Agosto de 2009
6 comentários:
quando o verde se atreve...
o verde, sempre ele
(magnifico)
quando as lembranças se insinuam na dolência de uma tarde de Verão.
belo. beijos
Venho aqui, Helena, para falar de outra coisa, do poemas: «Quando te ergueres do nada».
Muito bom!
Abç
J.
Impressionante...eu não li, eu vi tudo. Já lhe disse uma vez, e volto a repetir: quando você proseia é quando você fica mais poética...abçs
Um verde -mágico- que se quer verde.
Abraço nórdico
verde como o esvoaçar dos melros. na memória...
belíssimo.
beijo
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