O som dos búzios desinquieta
nas árvores das Conchas a rotina
aporta o mar e os seus trilhos
entrelaçando-os no lago
onde só se ausenta o veleiro
o som acastanha-se e convoca-me
ao labirinto dos acasos
onde os veleiros, mesmo de papel,
atravessam oceanos e escondem-se
nas memórias de tenebrosas baías
até que sol, vento, verdes, árvores
espelhem no mar a realidade
como um conto de fadas
uma lenga-lenga
um eterno rosário de adivinhas
então, os deuses, surpreender-nos-ão
tornando humano este estranho e impossível mundo.
HFM - Lisboa, 14 de Junho de 2012