CONJURA DE SENSIBILIDADES
(ouvindo o concerto de Mozart pela orquestra filarmónica de Berlim dirigida por Pierre Boulez sendo solista Maria João Pires)
Leve, levitava
num som interior
quase etérea dessacralizada
num mundo outro, sem penumbras.
Os lábios - sábios domadores do compasso -
antecediam promessas
visualizavam harmonias
e, sob as mãos de Pierre Boulez,
sem batuta,
organizavam-se sons, que escorriam,
impetuosos puros vibrantes
das cúpulas e colunas
do Mosteiro dos Jerónimos.
Ao fundo, desfocado em bruma
- como D. Sebastião -
Camões pensou
que os dedos daquelas mãos,
femininas e rudes,
tinham dobrado o Bojador.
Depois, adormeceu e pacificou.
HFM - Lisboa, 1 de maio de 2003
Agradeço ao meu amigo Eduardo Graça que me deu a conhecer o vídeo.
9 comentários:
Belo!
Pena ser tão breve.
Encantamento!
Tanto o poema como a música são muito bonitos. Obrigada por este momento, Helena.
S.C.
Dobraram mesmo o Bojador
Muito belo
ele e nós!
abraço
aqueles(as) que da lei da morte se libertam...
gostei muito. muito
sim, dobraram o Bojador (imagem perfeita para o sonho aqui alcançado pela tua sensibilidade, pela música, pelas interpretações, pela poesia).
beijo.
Belíssima écfrase. Que toca.
Cara Helena;
Excelente digressão poética através dos sons, criando sensações apaziguadoras.
Gostei bastante deste poema.
Parabéns.
Um beijo
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