Profética é a onda que não desiste. Enrola em tempos calculados e, quando tudo parece matriz, desatina e abala. Assim são os meus tempos. Aparentemente acertados, contudo, tão desatinados. Excessos de desassossegos na fímbria onde envolvo os dias. Centelhas de liberdade na afirmação própria da vida que quero viver. Aberta. Vertical. Onde o encontro do eu com o comigo se faz num diálogo profícuo de mudanças. Porque o sinto, tento adaptar essa vida aos outros; porém, rejeito em absoluto as baias, as formas, as inúteis obrigações - quero um convívio de extremos partilhados. Chegam as situações extrínsecas que não posso dominar.
Assim me quero. Assim me devem aceitar. Com estas premissas todas as estradas se podem percorrer porque, na paz interior e única, em todas elas se encontram silêncios, clareiras, narrativas por inventar e até rendições consentidas.
Confesso que preciso de mim. Bem. Sem preconceitos. Nos meus silêncios. Nas minhas alegrias. Nos meus convívios. Nas ninharias que só eu compreendo. Nas minhas motivações aparentemente sem sentido.
Preciso de respirar. Quero viver.
Assim me confesso. Assim me quero. Assim. sou.
HFM - Lisboa, 23 de Outubro de 2010
7 comentários:
E que bem que é!!!
Um Abraço por ser assim.
Cara Helena;
Excelente texto num belo monólogo do seu "eu" interior.
Gostei muito, mas mesmo muito.
Parabéns.
Um beijo.
Quem me dera tê-lo escrito!
Um grande abraço.
assim...
sejas!
Esses são os diálogos mais difíceis que nos cabem de vez quando. Temos a maior exigência connosco. Difícil encontrarmo-nos, mas mais difícil fugirmos de nós.
Belo texto. Helena.
Um beijo
perfeita. a conjugação dos tempos. e das ondas...
beijos
Não sei se assim sou.
Sequer se quero - tantas vezes - respirar. Mas vou-me perdendo na volutas que ainda prendem, ao alto, o meu tecto.
Mas sim, excessiva e desassossegada.
Por isso aqui venho, com gosto.
Bj
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