Era constante o frio na manhã embaciada. No ar um misto de promessas e agressividade. E no céu, largamente confundido de nuvens, brilhava, donde em onde, uma mancha de cerúleo. Também havia brilho em alguns homens que passavam enrolados em grandes e grossos cachecóis; uma imagem um pouco insólita na minha cidade. As árvores despidas, ou quase, reacendiam a luz nas suas folhas amarelas e castanhas avermelhadas. Um cenário que em breve se apagaria quando o tempo se fixasse, se decidisse. Era esta hesitação, no silêncio da manhã de sábado que fazia do cenário o espectáculo sublime do quotidiano. A perfeita descoberta do que rodeia a minha janela numa manhã de Dezembro fria, inóspita, rasando a fundo a densidade do sublime e dos seus constrastes.
Arregacei as mangas do olhar e fiz-me à estrada da visão onde o sublime enternecia a alma.
Estranho momento de raridade, tão efémero como o sublime!
HFM - 18 de Dezembro de 2010
4 comentários:
"donde em onde, uma mancha de ceruleo"
a beleza de uma inspirada divagaçao
"Arregacei as mangas do olhar e fiz-me à estrada da visão onde o sublime enternecia a alma".
Excelente!
Nao há frio que nos possa tolher 'o gesto' de ver mais longe.
Um abraço amigo
gostei muito da iamgem de arregaçar as mangas do olhar :) beijos
gostei muito de te ler...
beijinho Helena
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