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alheio-me. esgrimo diálogos dentro de mim. ensurdeço o tempo tapando-lhe o espaço. apenas porque não sou mágica. se o fosse roubava o espaço. mastigava-o. absorvia-o. depois prolongaria na retina os lugares. os reais. os imaginados. os desconhecidos. sorrindo, sabia então que, senhora do espaço, o percorreria - viajante sem passos na cauda de um cometa invisível. a viagem não seria recurso. mas causa. mas forma. sede, ainda.
filtrava, então, o olhar e, desfeita de conhecimento, viveria. chama na cisterna onde a água nunca se apagaria. cavalo percorrendo a lezíria junto a um trilho de água. o mar, ainda. feita onda ou limo; também rocha. na raiz das árvores centenárias depositaria o invólucro adormecido.
só assim, os dedos pontuariam, num espelho intemporal, a brisa dos dias.
HFM - Lisboa, 24 de Maio de 2013
4 comentários:
Que texto incrível!
Telúrico.
... sede, ainda.
Um texto belíssimo, na polpa dos dedos.
fantástico texto
de ler e ficar sem folêgo
... entretanto ...
os rios passam
pela sombra das pontes
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