Quando os lábios já não assobiam e no ar paira um silêncio mais parecido com o tédio a cabeça olha, sem ver, o óbvio da mancha azul estendida até uma hipotética linha a que chamam horizonte. Horizonte? Outra ficção que só tarde descobrimos ser apenas isso – ficção.
Na modorra da manhã já nem os gritos se soltam e até os coelhos desapareceram porque lhes destruíram as louras.
Destroem-se as louras. Destrói-se o horizonte e até o fio de prumo se entortou. E não foi a nortada. Tão pouco o vago sentido desta silly-season. Tão só o nada do azul/céu, do azul/mar entre o qual declino o verbo que não conjugo.
Histeria do ar parado. Eco dos dias longos e do ressoar dos passos no claustro de colunas cujo poço me devolvia a imagem que me habita.
Perdeu-se o assobio no labirinto do vento; de tão etéreo não o consigo encontrar.
Senta-se Ariadne, na areia, e espera.
Ericeira, 16 de Julho de 2009
4 comentários:
nos momentos de indiferença aceitamos tudo o que vemos como se fosse a realidade espelhada. Mas por vezes é tão diferente do real!
Gostei bastante
Teseu há-de voltar. Talvez gaivota, no próximo plenilúnio. Quem sabe?
Um beijo, Helena.
O fio da maré.
Abraço
bfs
senta-te, escuta...
oiço um assobio na mudança da maré
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