Partir em direcção às estátuas que encimam as colunas. No alto da colina. Na linha do horizonte. Onde o silêncio se acoitar. Onde a luz fizer ferver a centelha do acaso. No silêncio petrificado onde os ecos são audíveis situarei a minha casa na sombra das estátuas, no prolongamento das colunas. Aí saberei reconhecer o fio que me liga à vida. Aí aprenderei que a realidade é o quotidiano do momento.
Um dia talvez possa sorrir às estátuas, agradecer-lhes a guarida e pedir-lhes apenas que mantenham intactos os ecos que se soltarem da pedra onde se esculpiram os capitéis que encimam as colunas. Destas só quero relembrar o momento branco em que fixei a que se adoçava à casa nessa rua sem história de uma das mais belas cidades europeias.
HFM - Lisboa, 10 de Fevereiro de 2010
7 comentários:
belíssimo texto, Helena. busca de um lugar de luz e silêncio, de elo com a vida, com «o quotidiano do momento».
beijo.
a luz, o silêncio, a vida, a beleza...
Lisboa.
beijinho Helena
Belo texto. No silêncio de pedra, a busca do fio da vida.
Um texto lindíssimo. Porque é urgente sorrir, até, às estátuas.
Partir. Ao encontro das memórias e dos ecos. Sorrindo às tuas palavras.
O mais belo lugar para a CASA, o lugar que as palavras, delicadamente, desenharam.
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e um sorriso tão grande que ainda não cabe no tempo
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