Outra tentativa de captar Antero no mesmo local que o anterior. Mais um dos seus belos poemas; este de outra índole.
Transcrevo o soneto que se lê mal.
IdílioQuando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas;
Ou, vendo o mar das ermas cumeadas
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longo, no horizonte, amontoadas:
Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão e empalideces
O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.
5 comentários:
As tuas viagens são sempre fonte !
Uma ternura
De mãos dadsa com Antero.
Muito bonito.
gosto do desenho e do soneto também mando-te um que gosto especialmente:
XV
Beber-te! como bebo o ar da vida...
E como bebo a luz do sol doirado...
E a poesia do templo consagrado...
E o consolo no olhar da mãe querida...
Como bebo nos livros do saber
A palavra dos Deuses, e o segredo
Da existência nas folhas do arvoredo...
E em longas noites de cruel sofrer...
Como bebe no cálix o Deus-vivo
Quem o não sente andar dentro de si...
Como eu nesses teus olhos já bebi
A água que hei-de beber enquanto vivo!
Antero de Quental, Primaveras Românticas
"lírios e boninas". sempre belos...
admiravel Antero!
beijo
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