O viajante quando parte sintetiza na dor da partida todas as viagens, a sua essência, os medos, as descobertas, as dúvidas e, acima de tudo, o espanto.
A chegada é um momento nobre e pleno, inchado de esperança, aberto à inteligência - um mundo a descobrir onde as possibilidades e as certezas se completam e entrechocam, mas é no regresso que tudo se congrega. Aí, em sedimentos variados, desdobra-se o arco-íris do vivido - cores fortes versus cores pálidas - cores preenchendo espaços e cores transbordando desses espaços como se não houvesse limites. Assim é feita a partida, daquele sentimento mágico que fica depois de ainda nada estar interiorizado; onde, falha a análise serena sobre o vivido, resta a alegria que a energia desdobra nas franjas e nos vendavais da alma.
Quando partires sorri sempre - encerra-se um ciclo e há a tendência para a tristeza; pensa, contudo, que com o vivido, abriu-se dentro de ti a possibilidade de novas experiências e a sabedoria da comparação e a simplicidade de aceitar que, para lá do já conhecido, há fluídos que nunca se esgotam e que só aos viajantes é dado conhecer.
Esta é a essência do viajante - a renovação sedimentada no adquirido, a sabedoria do muito que sopra no vento do olhar e da alma onde, um dia, a calma há-de aportar.
E é quando cansados, no final da viagem, encerramos os olhos que a poesia do tempo, o prazer e a sabedoria se unem numa palavra - AMOR.
7 comentários:
O repouso do guerreiro-viajante é um gesto de amor por mais uma viagem realizada.
Abraço daqui
Linda reflexão sobre os vários momentos da viagem.
Um beijo.
belissimo texto
arco-iris do vivido...
como se não houvesse limites
belo texto Helena :) beijos
Belíssimo o teu texto.
Ajusta-se quase na perfeição aos conceitos a que associo o acto de viajar.
pra nunca esquecer.
um beijo daqui, amiga.
Helena, vou "levar-lhe" esta fotografia para fazer um poema. Depois mostro. Abraço.
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