segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma tarde a não esquecer




com Charlotte Rampling e Polydoros Vogiatzis e na guitarra Varvara Gyra.

Um pathos grego servido em textos de Yourcenar e poemas de Cavafy. A sobriedade do décor, das vozes e das poses.

De Charlotte Rampling não falerei, todas a conhecemos. Tenho, contudo, de salientar a carga da língua grega servida pela voz modelada de Polydoros que, em nada, ficou atrás da de Charlotte Rampling.

Um encenação bem conseguida com parcos recursos como convinha à enfase a ser dada aos textos.

Um espectáculo imperdível que apenas teve duas representações.



De Yourcenar seria difícil escolher um texto ou procurar nos seus vários livros os pedaços de texto que foram lidos; assim deixo dois dos poemas de Kavafy que ali esteve em destaque na segunda parte - o Amor



Che fece .... il gran rifiuto



To certain people there comes a day
when they must say the great Yes or the great No.
He who has the Yes ready within him
immediately reveals himself, and saying it he goes


against his honor and his own conviction.
He who refuses does not repent. Should he be asked again,
he would say no again. And yet that no --
the right no -- crushes him for the rest of his life.


Constantine P. Cavafy (1901)


Ithaque

Garde toujours Ithaque à ton esprit.
Y parvenir est ta destination finale.
Mais ne te hâte surtout pas dans ton voyage.
Mieux vaut le prolonger pendant des années ;
et n'aborder dans l'île que dans ta vieillesse,
riche de ce que tu auras gagné en chemin,
sans attendre d'Ithaque aucun autre bienfait.

Ithaque t'a offert ce beau voyage.
Sans elle, tu n'aurais pas pris la route.
Elle n'a rien de plus à t'apporter.

Et même si elle est pauvre, Ithaque ne t'a pas trompé.
Sage comme tu l'es, avec une expérience pareille,
tu as sûrement déjà compris ce que les Ithaques signifient.

5 comentários:

Eduardo Graça disse...

Deves ter sempre Ítaca na tua mente.
A chegada ali é o teu destino.
mas não apresses em nada a tua viagem.
É melhor durar muitos anos;
e já velho fundeares na ilha,
rico do que ganhaste no caminho,
sem esperares que dê Ítaca riquezas.

Ítaca deu-te a bela viagem.
Sem Ítaca não terias saído do caminho.
Mas já não tem para te dar.

E se um tanto pobre a encontrares, Ítaca não te enganou.
Sábio como te tornaste, com tanta experiência,
já hás-de de compreender o que significam Ítacas.

[1911]

Eduardo Graça disse...

A algumas pessoas um dia cai
em que o grande Sim ou o grande Não sobrevém
dizer: logo surge ao de cima a que tem
pronto dentro de si o Sim, e ao dizê-lo vai

além da sua honra e do que está convencida.
A que negou não se arrepende. De novo interrogada
voltaria a dizer não. Mas tem-na derrotada
aquele não - o correcto - toda a sua vida.

Ad astra disse...

imperdivel certamente...


bem como a tua escolha dos poemas

Mar Arável disse...

É bom passar por aqui

© Maria Manuel disse...

obrigada pela possibilidade de reler o poema "Ítaca", é soberbo e já não o lia há imenso tempo.

beijo, Helena.