Na mão da criança a letra emperrou. Com afinco continuou. Língua de fora - parecia-lhe ajudar ao desenho da letra. O p talvez não estivesse perfeito mas ela sabia que era com aquela letra que se escrevia PALAVRA e a professora dissera-lhe que, com palavras, ela poderia fixar, no papel, os sonhos.
Durante uma parte da tarde a criança desenhou as restantes letras da palavra. Só ela as compreendia. Conseguia, contudo, concretizar o seu sonho. Agora o mundo era seu e poderia contar os sonhos e poderia fixar no papel as letras com que ele se escreve.
Sorriu. Pousou o lápis. E ficou a contemplar a imensidão que se abria naquela folha de papel que tirara da impressora do pai.
Havia a letra. Havia o sonho. Havia o bailado dos dois girando em sinfonia.
Talvez fosse o barulho do avião ou da nave espacial dos sonhos.
E uma gargalhada estridente soltou-se da criança.
HFM - 18 de Janeiro de 2011
5 comentários:
Havia a letra e a descoberta. Havia a flor, sorrindo, sonho,
e o P, de promessa de um continuar. Em cada criança.
Gratidão sempre pela leitura aqui.
Mel
Um dia seremos crianças
uma sinfonia de sonho
sorrindo
A palavra com que se abre um caminho, uma vida. Muito belo texto. Obrigada.
Pois é Helena: "p" de palavra, "p" de poste perfeito, que não cai.
Parabens!
Abraço
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