domingo, 17 de junho de 2012

Dos desejos intocáveis


O som dos búzios desinquieta
nas árvores das Conchas a rotina
aporta o mar e os seus trilhos
entrelaçando-os no lago
onde só se ausenta o veleiro

o som acastanha-se e convoca-me
ao labirinto dos acasos
onde os veleiros, mesmo de papel,
atravessam oceanos e escondem-se
nas memórias de tenebrosas baías

até que sol, vento, verdes, árvores
espelhem no mar a realidade
como um conto de fadas
uma lenga-lenga
um eterno rosário de adivinhas

então, os deuses, surpreender-nos-ão
tornando humano este estranho e impossível mundo.

HFM - Lisboa, 14 de Junho de 2012

5 comentários:

jrd disse...

Belíssimo!
Quando os Deuses nos vierem surpreender trazidos pela brisa do entardecer.

Abraço

ad astra disse...

um poema lindíssimo

inquietante como "um eterno rosário de adivinhas"

Manuel Veiga disse...

que "os deuses das pequenas coisas" moram no interior de teu poema.

logo humana.

belíssimo.

Mar Arável disse...

Por vezes é assim

os deuses batem-nos à porta

e o poema acontece

Luis Eme disse...

oxalá, Helena...