sexta-feira, 24 de setembro de 2010


dir-te-ei dos lábios ressequidos
no fragor da revolta
quando o mar se esconde
na secura da baixa-mar

aí se ouvem os ocasos
e o cântico dos náufragos
sem retorno

areias de equinócio
engolidas pelas ondas


ao largo afoga-se um bote.



HFM - Lisboa, 20 de Setembro de 2010

8 comentários:

Eduardo Graça disse...

Qual a diferença entre a caneta e as letras brancas
das teclas derramando palavras na superfície lisa
como a quilha cortando as águas do mar salgado
Assim as palavras se juntam, emendam, crescem
perscrutam a desordem e rebeldes se organizam

[Apeteceu-me enviar este esboço para quebrar o meu silêncio atento ...]

carlos pereira disse...

Cara Helena;

Por vezes a vida é-nos fatalista, fragilizando-nos a alma mas, por outro lado, endurece-nos o coração e os sentidos, tornando-nos mais fortes para caminhar a estrada tortuosa da nossa existência.
Gostei muito.
Um forte abraço.

mfc disse...

A vida é regra geral dura... mas é vida!

jrd disse...

Depois da tempestade nem sempre há bonança...

Luis Eme disse...

ao largo...

os cânticos, embrulhados nas ondas...

abraço Helena

Ad astra disse...

dir-te-ei

do que sucede a baixa-mar

pin gente disse...

e, tão perto, afogamo-nos nas palavras
num desejo de naufrágio

Manuel Veiga disse...

há mar e mar...
e mais ondas e marés que botes afundados...

belíssimo.sempre
beijos