domingo, 2 de janeiro de 2011

Carimbo





Com a noite selei um pacto
Difícil. Inoportuno. Radical.
Já me esqueci dos contornos
Vagueia em mim a imprecisa precisão
De um rumo decidido.
Nada aleatório. Nele se imprime
Os veios e as veias de uma vida
O voo arriscado do respeito
O canto desafinado da revolta
A ira subterrânea dos medos
A frontalidade dos destemidos
A irrascibilidade dos cobardes
A amálgama de tantos labirintos.

Tangi as cordas do cello
Na ausência de som percebi
Que a madrugada aconteceria manchando
De ansiedade a indecisão.

Na minha estrada de Damasco
Carimbei com a minha melhor letra
180º


e imprimi.




HFM - Lisboa, madrugada de 29 de Dezembro de 2010




8 comentários:

jrd disse...

A 'impressão' de uma (abençoada) insónia.
Excelente.

Ana disse...

Do pacto que selaste com a poesia guardo a marca que imprime em mim!
BOM ano , Helena.

francisco carvalho disse...

Gostei muito.

Ad astra disse...

o canto desafinado da revolta

manchando
os pactos
os rumos

(um perfeito hino ao som das madrugadas por cumprir)

ma grande folle de soeur disse...

Que belo texto!

Graça Pires disse...

Gostei deste pacto com a vida e com a poesia. O poema é excelente.
Um beijo e que 2011 seja um ano BOM

Manuel Veiga disse...

na estrada de Damasco o farol da tua Palavra poética.

adorei. excelente.

beijos

Eduardo Graça disse...

Belo. Bom Ano, retribuição tardia. Abraços