quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Boas Festas
A todos os amigos e a todos que aqui venham desejo Boas Festas.
Junto um texto de Miguel Torga escrito em S. Martinho de Anta a 24 de Dezembro de 1960 que, apesar de antigo, é ainda tão actual.
Natal. Já tudo dorme, e só eu, na casa, rumino ainda as rabanadas. Que significam elas afinal? O mundo estará realmente povoado neste momento por uma nova esperança? Não se ouviram passos auspiciosos ao dar da meia-noite, nem houve. com certeza, parto divino em nenhuma maternidade ou estábulo. Mas sabe-se que os grandes enviados chegam sem ruído, que o nascimento de que se trata é doutra natureza, que a luz esperada tem de acender-se dentro de nós. Por isso, quando digo mundo penso nos meus próprios limites, e neles procuro descortinar os sinais concretos da maravilhosa presença. Timidamente, aflora-me aos lábios uma palavra, que só de ser balbuciada aviva a chama da lareira. Amor - repito, alvoraçado. Mas não vou mais longe. Desalentadoramente, a boca, como um sino sem alma, deixa de vibrar. É que, por artes de não sei que espírito invisível e demoníaco, começa a desfolhar-se diante dos meus olhos um calendário de dois mil anos. E, nele, a palavra mágica, que impulsivamente me saiu da alma, escrita em vão duas mil vezes...
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sábado, 21 de março de 2015
No dia da poesia
Há interregnos de pão e água
há solstícios de abundância
há solstícios de abundância
só o mar, incansável, continua a procurar a praia.
HFM - 21 de Março de 2015 - Dia da poesia.
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domingo, 1 de março de 2015
Numa manhã acinzentada
Quando acordada divago
um coro harpeja no meu inconsciente
uma cantata incompreensível
onde flutua o sol
e o mar se alonga no infinito.
Carente, percorro sem sentido
os labirintos desmesurados
onde os atrevimentos são possíveis.
Doloroso é o regresso a mim
encarando a certeza das memórias
que o tempo e o cansaço foram destruindo.
Assim se tecem as catarses.
HFM - Lisboa, 28 de Fevº 2015
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