sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mini-férias no Porto



As fotos foram todas tiradas com o telemóvel daí a qualidade fraquinha delas; contudo, a luz que ficou nesta foto agrada-me como me agrada muito esse lugar mágico que é a Ribeira. A foto foi tirada de Vila Nova de Gaia.


Exterior de Serralves - a mais bela exposição permanente






Cadeia da Relação - onde estava uma exposição das comemorações dos 100 anos da República






As duas fotos seguintes foram tiradas de dentro da cela onde esteve Camilo Castelo Branco. Restava-lhe a vista sobre a cidade...





Insólito-foto tirada de dentro da Cadeia da Relação sobre um dos prédios em frente. Típicos. Gostei da forma e do lugar onde está exposto o cachecol do FCP e das meias desemparelhadas.


quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lembro o calor e a cidade ensolarada. Era Abril e os coros ressurgiam nos degraus interiores de cada um. Um era o número e a certeza. Um ritmo dinâmico acompanhava a subida de tom e o volume das vozes - era o um a fortalecer. Abria-se a janela da união.

Era Abril e ficou a saudade.

HFM - Abril 2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O temporal tem a sua melodia. Certo. Mas eu não a descodifico. Falta-me da margem a luz e da onda o tempo exacto em que se quebra. Nem o eco me devolve o significado. Há um apurado sentido de retorno. Um desalinho de sucessões. Um mistério de incompreensões. Palavras escorregando no plano inclinado das congeminações.

Acoito no temporal o dia e deixo que a viagem encontre o caminho.


HFM - Lisboa, 26 de Abril de 2010



domingo, 25 de abril de 2010


Hoje, mais do que nunca, requerem-se códigos sem inscrições onde a pauta esteja enxuta e, de novo, se reequacionem os olhares, os sentires, as vivências. Como num renascimento.

Um auto anárquico de utopia suspensa na ponte entre Abril e Maio.


HFM - Lisboa, 25 de Abril de 2010



quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sem título


cerram-se no dia
as palavras
e as vozes

habita-me um teatral sorriso.

HFM - 13 de Abril 2010



segunda-feira, 19 de abril de 2010

Quando a insónia se transforma em palavra

HFM

Percorro, no nevoeiro áspero da negação, a estrada interior onde se situam as utopias. As minhas, as de Piranesi e as de tantos outros cuja sede nunca se sacia. Conjuro todas as forças, os silêncios, as memórias e, passo a passo, interrogo-me, procuro, fendo, prossigo numa desesperada viagem sem caminho e de retorno inviável. A partida e a chegada confundem-se com o percurso. Não há alimento que sacie o grito ou a revolta. Em mim a música não é heróica e a melodia está suspensa na clave inexistente, melhor, na clave destruída onde apagaram todos os símbolos. A chave que faria daquele caos música perdeu-se no deserto onde a areia é movediça e as pedras calhaus onde os pés rasgam o sangue do mar vermelho de todos os sentires. A distância é ainda a miragem da cisterna só que da água não existe memória. Só sede. Os códigos ancestrais foram eliminados e temo que só os mortos ainda os decifrem.

Da corda resta o fio que nenhuma Ariadne segura. Também Teseu se acomodou e do Minotauro só as efabulações lhe dão sentido.

Resta o traço que, sendo linha, ainda sustém o precicpício.

HFM - Lisboa, 18 de Abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

João Garcia


PARABÉNS!




João Garcia chegou hoje ao cume do Annapurna, no Nepal. A última das 14 montanhas com mais de oito mil metros que lhe faltava escalar. É assim o primeiro alpinista português a escalar com sucesso e sem ajuda de oxigénio complementar os cumes mais altos do mundo.

Ficará na história do alpinismo pelo seu espírito aventureiro e pela tenaz perseguição dos seus objectivos o que, digamos, é raro hoje em dia. Aqui em Portugal será hoje muito lembrado mas, seguramente, atrás de qualquer golozinho que algum "craque" meta numa qualquer baliza. Nós nunca acarinhamos os nossos. Mas ninguém apagará da história o seu feito.

Para ele os meus parabéns e o orgulho de pertencer à nação que ele representa. É que este orgulho, infelizmente, anda muito por baixo.

Sem título


Não te encontro na linha da mão
só o ar nela circula
ausente

enquanto o mar morde a lonjura.

HFM - Lisboa, 28 de Março de 2010



sexta-feira, 16 de abril de 2010

Conversa de surdos


Peru - Machu Picchu, Morning Light, 1957, óleo, 61 x 45.7cm




Não te direi do impacto dos silêncios
nem das palavras por dizer
nos labirintos não se joga à cabra cega


respira-se a aventura da sobrevivência.

HFM - Lisboa, 13 de Abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Diurnos



Como num filme de Antonioni ela mantinha os olhos fixos, inexpressivos para lá da janela da carruagem. Mudavam as paisagens, passavam as gares, entravam pessoas. Nada lhe desviava o olhar como se o tempo estivesse suspenso e a realidade não existisse. Também ela, ali, não existia. Apenas o comboio servia o tempo. Ela não estava ali. Nenhures era o seu lugar; ausência o seu paradigma. A vida corria noutra galáxia onde o tempo se pautava pela inutilidade de certas horas, pelo cansaço da rotina, pela ausência do espanto. O espanto. Fugira-lhe na mutação das promessas.

Desviou os olhos. Recostou a cabeça no espaldar do assento. Adormeceu.

Reiniciou-se o ciclo das ausências.



HFM - 13 de Abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Citando # 204

Palavra é liberdade! Quando se salta, pode-se também uma vez descer pelo lado errado da corda. Mas quando não nos arriscamos a cair de focinho, o quê então? Então não se salta.

Picasso

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ilusão de óptica




Nem um traço cruzando o céu
nem uma onda vibrando no mar
plano o oceano se aconchegou ao Cabo
no remanso da manhã indecisa

longe onde só a vista o descreve.

HFM - Ericeira, 3 de Abril de 2010



quarta-feira, 7 de abril de 2010

Às portas de Damasco

Revoltei-me com a estrada de Damasco
onde um dia me enredei
conhecia-lhe as dificuldades e os estigmas
mas sabia das promessas
e do futuro

agora parei
estática
a desilusão ofuscava-me
a ligeireza ensurdecia-me
o sentido da negação era-me absurdo

ali esperava ouvir as palavras
e sentir nas pedras
a doçura das promessas
e o trilho que me conduzisse
às Portas
onde se desenrolaria
outra História
onde os sábios sorririam
onde as crianças nos acolheriam
onde a viagem prosseguiria

ad eternum.

HFM - Ericeira, 6 de Abril de 2010



segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sem título

de sussurros era o teu respirar
avulso cordão que como uma ponte
nos ligava

uma semi-breve em fuga.

HFM - Lisboa, 26 de Março de 2010



sexta-feira, 2 de abril de 2010

Como uma oração


Onde a trama por onde enredo as linhas incertas na escuridão do labirinto?

Onde a claridade que avoluma o incurável sentido da negação?

Onde a promessa que se quer dádiva?

Onde o vulcão que te é nascente e foz?

Onde a palavra por inventar?

Onde o silêncio carregado de ecos?

Onde a cisterna que ensalivo?

Onde o tempo sem intervalos, hiatos ou finitudes?


Na linha pura do teu olhar.



HFM - Lisboa, 1 de Abril 2010

Boa Páscoa