domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
... no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Boas Festas





Foi isto que pendurei na minha árvore de Natal e é esta intenção que vos desejo neste Natal e particularmente em 2012.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Divagação




tangenciando o olhar a vida enrola-se no frio e amplia-se neste sol de quase inverno doirando nos edifícios todas as promessas.

distendo a visão e deixo que a calma desta manhã seja a pauta onde alinharei o meu dia. surgirão sons dissidentes mas na semi-colcheia da loucura redesenharei na pauta os seus lugares - maestro atento e criativo.

hoje está sol e eu quero intervir nas horas da minha vida - para trás tudo e todos que queiram despentear a harmonia da minha composição.

CARPE DIEM!

sábado, 17 de dezembro de 2011



da net



Quando a secura invade as palavras
nem o silêncio se instala

apenas me ausento na fractura do som.

HFM - Lisboa, 17 de Dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Produto final do 2º Simpósio Internacional de Urban Sketchers em Lisboa




Coçando o ego! tenho lá um dos desenhos feito no workshop das Escadinhas do Duque.

O lançamento foi ontem na ESBAL sítio onde o Simpósio teve lugar apesar de todos os dias andarmos a desenhar na rua desta bela cidade que é a minha.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Os Borges



Uma homenagem a alguém que tenho como referência. Pena que o jardim (Jardim do Arco do Cego) onde este poema está colocado esteja tão degradado.



A qualidade da imagem não é muito boa - telemóvel.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pousio





Aproveitando os últimos dias de Dezembro antes do tenebroso ano de 2012 vou ali recarregar as baterias.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011


cerra-se na manhã a luz
como uma tatuagem de memórias

no lago espelham-se as sombras.

HFM - 25 de Novº de 2011



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Eu hoje queria-me aqui








quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sem título


esbarram no ar as velas
perde o norte o timoneiro
em espuma me dissolvo.

HFM - Lisboa, 22 de Novº de 2011



terça-feira, 22 de novembro de 2011






A linha desaguando nos veios da mão
um guia do olhar
abrindo o palco à encenação.




HFM - Lisboa, 21 de Novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011




Entre o tempo e as palavras me debato. Um diálogo sem nexo que desune as pontas onde oscilo. Sei que só nas palavras posso interferir. Crio então com elas monólogos onde me retalho em múltiplos significados e em inúteis metáforas. Nesse aparente caos me compreendo. Só aí, elas ganham volume e textura como um ser que se cria.

Este é o mistério das palavras que o autor enforma e deforma, se e quando lhe faz sentido.


HFM - 19 de Novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A marca deixo-a nos dias
como uma prece sem liturgia
um lamento sem sílabas
uma tela sem cor
onde assento o indizível
e assim me cumpro.





HFM - Lisboa, 14 de Dezembro de 2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011







Traços esfarrapados envolvem na chuva a manhã. Ainda faltam os cânticos com que a trovoada tem povoado a cidade. Farrapos do tempo acinzentando no dia o tempo da vida.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Estive a ler na Ler a conversa entre George Steiner e António Lobo Antunes e ao fazerem referência a este soneto resolvi ir repescá-lo e relê-lo, há muito que não lia nada de Francisco de Quevedo.


E já agora aproveito para assinalar esta data curiosa 11-11-11





RETIRADO EN LA PAZ DE ESTOS DESIERTOS



Retirado en la paz de estos desiertos,
con pocos, pero doctos libros juntos,
vivo en conversación con los difuntos
y escucho con mis ojos a los muertos.


Si no siempre entendidos, siempre abiertos,
o enmiendan, o fecundan mis asuntos;
y en músicos callados contrapuntos
al sueño de la vida hablan despiertos.


Las grandes almas que la muerte ausenta,
de injurias de los años, vengadora,
libra, ¡oh gran don Iosef!, docta la emprenta.


En fuga irrevocable huye la hora;
pero aquélla el mejor cálculo cuenta
que en la lección y estudios nos mejora.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011



imagem retirada daqui www.hongkiat.com




Naquela linha difusa havia um vibrar intangível que fazia ondular a cor quase difundindo-a como num arco-íris. Quase um lamento. Quase um grito. A fantasia de outro olhar. Performativo.

Tão só a necessidade de ver cor para lá desta chuva e do cinzento das incertezas em que vivemos.

Outro mundo. Onde a cor pode ser o farol que alumia a noite de todas as tempestades.





HFM - Lisboa, 8 de Novembro de 2011

segunda-feira, 7 de novembro de 2011



Importas-te que te fale da suavidade dos dedos
quando a pele em surdina
sustêm a respiração dos poros
e o tempo se detêm?

correm as ondas ao arrepio do vento.



HFM - Lisboa, 6 de Novembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cidade Romana de Ammaia




Porque o silêncio é confluência
aí reuni as sinergias

petrifiquei-as em Ammaia.



HFM - Castelo de Vide, Outubro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Interrogando-me




No silêncio da manhã
a dúvida
a eterna
pessoana e intrínseca
seca como estas canas
abanando ao vento
junto ao mar
não o mar de Durban
tão pouco o mar salgado
português
apenas o reflexo do sonho
a manta de retalhos
acobertando o sótão da memória
onde instalei a dúvida
socrática.




HFM - Ericeira, Outº 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011



da net nome e data na própria fotografia




a tua falta soa-me a teorema. perfeito. indestrutível e, contudo, vazio. sem aplicação prática. talvez um dia quando a vida for pó, num qualquer olimpo, ele faça sentido. agora, aqui, é vazio. o sublime não se acolhe no demonstrável. sou nómada dos impossíveis. prefiro o rosto à máscara. no local sem nome onde, um dia, julguei clarear o divino. do teorema não quero nem o enunciado. a demonstração é uma aborrecida cadeia de códigos. gosto da simplicidade dos rios. e da tessitura que vagueia sem freios.


HFM - Lisboa, 2011




quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Silence is the name

nada
só o ocaso
na textura das mãos
e do coração
só o pássaro voando
junto à praia
como numa tira
de Hugo Pratt

lá longe, onde estejam,
Corto Maltese e o pássaro sorriem

eles sabiam
o horizonte era memória
miragem de silêncio
sem nome.




HFM - Outubro 2011



segunda-feira, 17 de outubro de 2011




da net



Nascem. Nascem do vento e da chuva. No corropio do desatino. Amálgamas de que o tempo se fez senhor. Nascem e ensandecem. Tecituras nas tardes longas onde se arrefece. Gritos que não se espelham. E nas mãos? A força de quem não desiste.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011



A tangência das paralelas que se tocam.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Foge no mar a cor. Calor que une céu e água. Uma conjugação de luz e refracção. Uma simbiose que faz destes dias a paz com um Verão que o não foi. Ericeira na sua primeva pureza.


HFM - Ericeira, 11 de Outubro 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

Sem título




a chuva aguarelava o teu olhar
no estranho corpo da memória

só na nuvem o arco-íris brilhava.



HFM - Outubro 2011


quinta-feira, 6 de outubro de 2011




ouviste o assobio?
linho envolvendo nos dias
a ausência
como uma mortalha
ou apenas a bruma

uma sombra que não era miragem.



HFM - Outº 2011



domingo, 2 de outubro de 2011

Açores 2011 - vídeo


Não é costume mas fiz um vídeo do meu sketchbook do Faial - Pico e S. Jorge e por duas razões - a primeira para não continuar "ad eternum" a postar coisas dos Açores, a segunda para, não cabendo as duas páginas abertas no meu scanner, tentar dar uma melhor imagem delas. Isto não vai impedir a publicação aqui de algumas dessas páginas que achar mais relevantes..

Aqui vai o produto final feito de uma forma muito artesanal.




quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Marina da Horta no Faial

Uma escolha das muitas possíveis de tantas que bordejam toda a marina. Foram tiradas de telemóvel.





























terça-feira, 27 de setembro de 2011

Para que os meus olhos continuem inundados de verde


































Fotos tiradas em Ponta Delgada nos jardins do Palácio do Governo em Setembro. Uns jardins que aconselho a visitar.

domingo, 25 de setembro de 2011

Açores 2011

Coloco aqui uma página do meu diário gráfico das férias nos Açores onde a parte pictórica deu praticamente lugar às palavras.



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

De regresso




na teia dos desassossegos instalei o meu farol. o mar era tempo e inquietude. as horas uma liturgia de cumplicidades. dilúvio nos atalhos do silêncio.


HFM - Agosto 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011






já é tarde, eu sei. são poucos os vestígios. as pegadas apagaste-as quando te individualizaste. na beira da estrada o silêncio já não ofusca as papoilas. há ainda quem diga que no minimalismo se erguem montanhas. para mim soletro esse glaciar onde o branco reflectia o azul e onde aprendi o indizível nome da solidão. que nada tem de absurda. é apenas o corolário da equação nunca resolvida.




HFM - Agosto 2011




O blogue vai ficar uns tempos em pousio vou ali percorrer 4 dessas ilhas encantadas que temos no meio do Atlântico onde os verdes desafiam qualquer paleta e onde compreendemos melhor o binómio terra/mar em toda a sua extensão e todas as suas conotações. Até...


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sem título



quando no lugar da geometria
só encontro coincidências
viro-me do avesso
em transgressão linear

pura como o não
o sim guardo-o para o encanto.



HFM - Agosto 2011



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sem título


na pele inscreveste um código
sem sentido
donde o acento foi banido

nem ao profeta foi possível descobrir a gaivota.



HFM - Agosto 2011




sexta-feira, 19 de agosto de 2011




porque o caule é aforismo viro-me para a floresta onde o silêncio é o murmúrio mais certo das palavras por verbalizar. acordes que só aos iniciados se revelam. a brisa sorri a juzante da intempérie.




HFM - Agosto 2011



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Catharsis




da net

um ínfimo silêncio
hiato suspenso
na cal que me esconde


pendem as mãos
nada as agarra.






HFM - Agosto 2011








domingo, 14 de agosto de 2011





hfm - de telemóvel




soam sílabas na copa das árvores
murmúrios de vento e água
na secura do calor
aí, nessa caligrafia de silêncios,
descubro os ancestrais códigos
a pontuação que os data
e as memórias desse tempo
em que criança
o sol me falava
de mar, férias e de
promessas


o mundo era meu
e nada incerto!



HFM - Lisboa, Parque das Conchas, 13 de Agosto de 2011


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Questionando




HFM


Dizer-te dos medos
era prolongar os códigos
na escassez das sombras

talvez o olhar se filtre num pingo de suor.


HFM - Agosto 2011



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sem título


quando a linha se torna forma
há do olhar a caligrafia

magia incontrolável.

HFM - Lisboa, 31 de Julho de 2011



segunda-feira, 1 de agosto de 2011


uma brisa quente
envolve a relva e o lago
só os patos grasnam.

HFM - Lisboa, 6 de Abril de 2011



sábado, 30 de julho de 2011

Assim anda o nosso património





Uma casa em frente ao Colégio de São João de Brito ao Lumiar. Mal empregados azulejos!