domingo, 27 de fevereiro de 2011

Do filtro do olhar

olhei o sol da cidade
onde o fresco residia

em mim
a sôfrega necessidade da procura
ainda da descoberta

enfiei o casaco
sorri ao dia
e qual navegante
trilhei a cidade
colina acima.

HFM - 26 de Fevereiro de 2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Fonte da Margarida

Junto à fonte tinham dançado crianças
num outrora de presenças e sentidos
a erva rasteira e o caminho tosco
estavam juncados de margaridas
era verão, havia risos soltos
e nos olhos as promessas consentidas


na dança de roda não se soltaram as margaridas
só as mãos se perderam no tempo.


HFM - Lisboa, 21 de Fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011



Na geometria das lágrimas afasto a sombra. Procuro a luz. Afogo-me nas palavras que já não balbucio. Sei da substância. Sobretudo da incoerência. Quebro a memória. Só muda me dou ao mundo. Demolida nascerei na seiva da verdade. Então a pedra fará sentido.


HFM - Lisboa, 21 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Atenta


Um eco de assobio transplantava
a cidade para o meu ouvido
memórias de outras ruas e praças
também o rio e ainda o bulício
arquitectavam palavras na assimetria
dos lugares e das pessoas
um filtro de saudosismo
percorrendo a coluna dos sentidos
onde se abrigam as imagens
e as dores

sensível obturador de vivências.


HFM - Lisboa, 13 de Fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Do Tejo


da net


corre rente ao rio
o vento os desenganos o ocaso

deito as minhas raízes
nas colinas da cidade
olhando o rio
nas sôfregas horas
em que a incerteza
se une à esperança e ao silêncio

na breve, breve fuga do acaso.



HFM - Lisboa, 16 de Fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Da cor, da simplicidade, da poesia


Aveiro perto do Canal de S. Roque.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011



Dizer-te das horas? Eu falo-te da eternidade.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Numa simples manhã de chuva


límpidas são as manhãs
transparentes de chuva
aí me resguardo reacendendo texturas.



HFM - Lisboa, 13 de Fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011



HFM

O pequenino canal que vai dar ao canal de S. Roque - uma verdadeira preciosidade de luz e de cor. Aveiro ferrou amarras dentro de mim.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sem título

quando me esquecer dos teus lábios
será urgente
a primavera.

HFM - 4 de Fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011




Uma ténue voz vem sibilina
no ar ensolarado da manhã
entontecer na cabeça as memórias
como o rio que não pergunta
se pode passar

uma melodia onde me desaguo.


HFM - Lisboa, 2 de Fevereiro de 2011



sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011



Na mão da criança a letra emperrou. Com afinco continuou. Língua de fora - parecia-lhe ajudar ao desenho da letra. O p talvez não estivesse perfeito mas ela sabia que era com aquela letra que se escrevia PALAVRA e a professora dissera-lhe que, com palavras, ela poderia fixar, no papel, os sonhos.

Durante uma parte da tarde a criança desenhou as restantes letras da palavra. Só ela as compreendia. Conseguia, contudo, concretizar o seu sonho. Agora o mundo era seu e poderia contar os sonhos e poderia fixar no papel as letras com que ele se escreve.

Sorriu. Pousou o lápis. E ficou a contemplar a imensidão que se abria naquela folha de papel que tirara da impressora do pai.

Havia a letra. Havia o sonho. Havia o bailado dos dois girando em sinfonia.

Talvez fosse o barulho do avião ou da nave espacial dos sonhos.

E uma gargalhada estridente soltou-se da criança.



HFM - 18 de Janeiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011


retirada da net - olhares



Quando no canal se encana o vento
desagua no mar a ria

lento travelling de sedução.

HFM - Aveiro, Janeiro 2011