segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Anoitecidos


Enigmátias eram as escolhas e os lugares, ainda as ausências. Mas as mãos purificavam o silêncio e eu sabia que, na sua textura única, elas afagariam o vento, o mar, o mistério e o meu rosto no eterno poema do tempo.

HFM - 29 de Novembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

Citando # 201


Escreve as tuas mágoas no pó, e as tuas conquistas no mármore.


Benjamin Franklin

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


HFM



Ouvi-te murmurar em confidência: há linhas que não atravessam os meridianos.

Sorri. Mal eu sabia da tua sabedoria. Num delírio mutante arrasto em mim essa certeza. Um desfoque não linear que aperto nos sonhos. Um enlace de silêncio. O simbolismo de todos os ritos. A cadência certa dos rasgões.

Como uma algema sinto-me agarrada por essas linhas onde as lâminas são frias e cortantes.



HFM - 25 de Novembro de 2009



terça-feira, 24 de novembro de 2009





Esfriam-se nas mãos as texturas. São farrapos acrescentados. Cadências que a cor multiplica e o olho desconstrói. Cimento que a vida agarra em cada pele como marca indelével de um sentir.

Encosto o olhar à textura. Com um dedo acaricio-a. Depois, levemente, sorrio. Em breve outra textura se sobreporá. Palimpsesto dos dias que assentam o enredado da vida. A voz que nenhum silêncio apaga.

HFM - Lisboa, 23 de Novembro de 2009

domingo, 22 de novembro de 2009

Sem título

não sei da vida mais do que o nada
o anverso
e a incógnita do haver.


HFM - Lisboa, 19 de Novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009



Na correria soltam-se as velas do tempo sem amarras. Nem rio, nem ribeiro - mar. Mar e tempo ao despique numa trovoada de referências - as memórias que o tempo solta em nós e que o mar salga de espuma - e, no profundo fundo onde se acoitam os medos apercebemo-nos, então, que nada é mais importante do que o tempo.


HFM

terça-feira, 17 de novembro de 2009




Na manhã de chuva selam-se as entradas e lá dentro é mais sonora a cadência da vida e dos medos. Uma sonoridade onde se armazenam as águas e os pensamentos. Segue a linha da vida como um pequeno arroio aumentando o Tejo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Lisboa - claustros da Sé





Continuando a palmilhar a insondável beleza que Lisboa, apesar de tudo, ainda guarda. Esta é, realmente, a Lisboa que eu amo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Refúgio na cidade - Quinta das Conchas











HFM - fotos tiradas com telemóvel



Um oásis na cidade, um local priveligiado onde me distendo e pacifico e onde o outono se dignifica.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sem título




assim os conseguisse enxotar
e seria infinito

começava assim a minha sms
e assim ficou
enxuta aberta
numa depuração de palavras
rente à imaginação
solitária
abrindo caminhos

terás percebido?
mastigo a inquietação e a
melancolia

e, contudo,
sei
que houve um momento
breve
em que fui infinito.

HFM

segunda-feira, 9 de novembro de 2009



no desvão da escada destaca-se a luz avermelhada do sol - um tom na cidade outonal que nada pressagiaria. o tom desfocado do calor adormecido quando a hora se modifica. sobre a cor falaríamos se ela não fosse decomposta em tantas outras quanto a imaginação do artista. deixo a mão poisar no vermelho que quero vermelho. vemelho rubro. vermelho sangue. vermelho
com que se cobriam as janelas quando alguém tinha sarampo.

depois, deixo os dedos tocar no imaginário e com ele percorro o caminho para lá da luz, para lá do sol, para bem longe daqui, numa outra galáxia de infinitos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aguarelando


o verde da mancha tapando insónias
e a sua transparência liquefazendo
a ternura acumulada
revoltada

expressionismo de sentimentos.

HFM - 5 de Novº de 2009


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sem título


encerradas nos poemas - as palavras
cellos e violinos abrindo cantatas.


HFM - 27 de Outº de 2009



segunda-feira, 2 de novembro de 2009



sofro-te, como sofro os golfinhos que, perseguindo-me, me abandonaram na transparência azul dum sol que reflectia o mar.