domingo, 19 de dezembro de 2010

Divagação matutina



Era constante o frio na manhã embaciada. No ar um misto de promessas e agressividade. E no céu, largamente confundido de nuvens, brilhava, donde em onde, uma mancha de cerúleo. Também havia brilho em alguns homens que passavam enrolados em grandes e grossos cachecóis; uma imagem um pouco insólita na minha cidade. As árvores despidas, ou quase, reacendiam a luz nas suas folhas amarelas e castanhas avermelhadas. Um cenário que em breve se apagaria quando o tempo se fixasse, se decidisse. Era esta hesitação, no silêncio da manhã de sábado que fazia do cenário o espectáculo sublime do quotidiano. A perfeita descoberta do que rodeia a minha janela numa manhã de Dezembro fria, inóspita, rasando a fundo a densidade do sublime e dos seus constrastes.

Arregacei as mangas do olhar e fiz-me à estrada da visão onde o sublime enternecia a alma.

Estranho momento de raridade, tão efémero como o sublime!

HFM - 18 de Dezembro de 2010

4 comentários:

Ad astra disse...

"donde em onde, uma mancha de ceruleo"


a beleza de uma inspirada divagaçao

jrd disse...

"Arregacei as mangas do olhar e fiz-me à estrada da visão onde o sublime enternecia a alma".

Excelente!
Nao há frio que nos possa tolher 'o gesto' de ver mais longe.
Um abraço amigo

ma grande folle de soeur disse...

gostei muito da iamgem de arregaçar as mangas do olhar :) beijos

Luis Eme disse...

gostei muito de te ler...

beijinho Helena