Sem título

enrola-se na rosa
o cheiro do claustro
nas colunas encosto
o assombro
e as distâncias

harmonias do anoitecer!

HFM - Roma, Claustro de S. João de Laterão, 14.02.09

Itália 2009 - 13.02.09

Das aprendizagens. Dos sedimentos. Olhos e sentires abertos mesmo quando desfocados. Passada a lezíria procuro os lugares aqui, neste avião. Perdidas as âncoras procuro o arquipélago imaginário - porto seguro sem âncoras nem certezas. Onde os jardins se regam com as lágrima de uma dor e de uma gargalhada.

Rabiscos que traço nas nuvens que percorro. E nas memórias seco as pétalas rubras de novas descobertas.

Fugas - encontros - magias - uniões de contrários - assimetrias.

Volare...

HFM - 13 de Fevereiro de 2009


Aqui poderão encontrar a aguarelada que deu lugar a este texto.

Algures nos céus

Na melodia dos segredos
encerra-se a distância
e os céus encobrem os medos
lá longe, na cidade,
cumprem-se promessas
arrepiando na pele o futuro

na quietude dos céus
envolvo-me numa filosofia zen

assim apascento medos.

HFM - 13 de Fevereiro de 2009

Sem título

nos teus lábios bebo a insondável memória
das ondas
e o estilhaço da espuma na bruma dos dias
brancos
e a sede desmedida de um porto em alto mar
largo


sem amarras nem medidas.

HFM - 25 de Março de 2009

Sem título

Quando o sol brilha nas tuas mãos
sei que não há regressos nem despedidas
só partilhas
na doce melodia de um cello



em nós não fenecem as papoilas.

HFM - Lisboa, 24 de Março de 2009

Do regresso

Acabada de chegar ficam apenas as palavras sugerindo partilhas que virão a seu tempo depois de tudo arrumado e compiladas as memórias, as saudades e passado este limbo intemporal onde ainda me debato.

Volto em breve. Já tenho saudades. Em breve começarei a visita aos blogues a que sempre volto.

Depois de ver a exposicao sobre Galileu

Quantos anos, o deuses,
para abarcar tanta reflexao acumulada?
Certa? Errada?
Quando o pensamento devaneia
cresce ciencia e razao.

Assim, o nosso palimpsesto.

Florenca, 13 de Marco 2009

A falta de acentos nao e culpa minha :)

Dos paralelos

Não arrisco. A entrada do poço está vedada. Longas correntes e o musgo acobertam-na em sombras. Nem o pio dos pássaros se ouve. Não há muralhas. É de silêncio o frio que reveste a estrutura outrora um local indispensável à sobrevivência. Preterido pelas canalizações. Congeladas.

Ali, no silêncio do frio e do gelo, só os ratos procuram a subsistência.

HFM - Lisboa, 12 de Janeiro de 2009

Quando os caminhos precedem a presença há uma aceleração geométrica no ar. Depois, na rua barulhenta silenciam-se as vozes e só o sorriso invade o frio e os medos. Ecos de eternidade.

Praia do Sul

brilha no mar o sol
leve é a espuma nas ondas
invadindo na distância a calma
só os surfistas batalham
no pacificante trabalho
da escolha da onda pura
conduzindo ao sublime

tarde de Outono na praia vazia.

Ericeira, 9 de Outubro de 2008

Para lá do silêncio o voo cavo do vento trazendo-te promessas cumpridas e a solidão das noites sem mãos. Ao ouvido murmuram-se acordes de blues incendiando montanhas. E nunca fenecem as rosas no meu Moleskine.

falo-te da rosa liquefeita
no suor dos labirintos
congregando palavras nunca ditas

assim crescem os jardins.

HFM - 22 de Janeiro de 2009