domingo, 19 de abril de 2009

Da primeva textura


Porque as pedras traduzem-me a tua ausência sentei-me nelas. Descansei as memórias e, neste lugar de eleição, recordei a minha primeira visita a Roma contigo a conduzi-la. Lembrei-me do teu olhar, da tua sábia paciência e de todas as conversas onde sempre nos encontrámos.



Sabes, pai, foste tu quem me deu a conhecer a História mas, hoje, aqui, eras tu, nós as duas e essa sombra bela e loira que os deuses do Olimpo tão cedo procuraram.


Sabes, pai, revi-te em cada talhe de cada pedra, no céu cobalto que revestia Roma e na solitária beleza dos pinheiros. Eles me conduziram a ti e à mãe - memórias que não constam da História mas que são a raiz da nossa história.


Roma, Forum Romamo, 18.02.09






















Desenhos e aguarelas que fiz no Forum poderão ser vistas aqui.
Estarei ausente a próxima semana.

21 comentários:

vida de vidro disse...

Lugares carregados de história despertam tantas vezes as nossas próprias memórias. A nossa história, realmente.
Entendo bem o sentimento que a beleza destas palavras traduz. Beijo.

. intemporal . disse...

sempre a memória na passagem dos dias tão findos à nascença.

sempre a presença de tantas ausências.

sempre a história com a língua ávida para contar.

um abraço.

Luis Eme disse...

Roma é um lugar tão especial, Helena...

há história em todos os cantos.

quando visitei Itália (e Roma...) em 1985, senti-me mais próximo de Portugal, do que por exemplo, em qualquer terra espanhola...

jrd disse...

Nem todos os Pais nos levaram a Roma, mas todos os Pais nos levam ao bom cansaço da memória.
Obrigado
Um abraço e boa semana

Ana disse...

Quando as viagens nos levam aos caminhos da memória.

Um beijo, Helena.

Justine disse...

Pungentes e belas, as tuas palavras. Tanta nostalgia escorre delas, que até fica o peito a doer...

Graça Pires disse...

"Sabes, pai, revi-te em cada talhe de cada pedra, no céu cobalto que revestia Roma e na solitária beleza dos pinheiros. Eles me conduziram a ti e à mãe - memórias que não constam da História mas que são a raiz da nossa história."
Só posso citar-te por achar o texto tão comovente.
Beijos Helena.

mariab disse...

as pedras guardam a sua memória. e a nossa. belíssima.
beijos

Ilidio Soares disse...

Há muito tempo não passava aqui. Azar o meu, pois você continua entendendo as memórias como se devem. Fotografando-as, definitivamente. Abraços, Ilidio

© Maria Manuel disse...

texto belíssimo, de nostalgia e reencontros pela memória...

Teresa Durães disse...

excelentes memórias com uma narrativa brilhante!

Anónimo disse...

Li,reli,lembrei e gostei...muito, mesmo muito.
Bjo
Melunca

Manuel Veiga disse...

as pedras (vivas) são eternas.

comovente texto

beijo

argumentonio disse...

as veias que nos transportam a vida, os átomos de que somos feitos, a poeira que trazemos dos caminhos, tudo é pedra e encontro, mesmo se tudo rodopia como o nosso peito e as memórias, como porventura toda a infância num volteio intenso da ternura com que fazemos de nós uma eterna criança!

um abraço daqueles de dar e dar a volta à volta e à volta!!

porque a serenidade é irmã da poesia!!!

Mar Arável disse...

Sempre a memória

nas pedras

das pedras

Belo

Luciana Marinho disse...

obrigada. reencontrei meu pai lendo teu texto. presença que me guarda. abraços.

Susana Barbosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Susana Barbosa disse...

... belíssimas memórias!
bjs Helena

bettips disse...

Por isso, pelo amor saudoso, a mais bela homenagem dos teus olhos.
Bj

addiragram disse...

A presença das grandes ausências! Um beijo!

Ad astra disse...

não é mesmo fácil comentar este texto
talvez por não ser um texto
talvez por ser uma parte de si

sinto-o apenas