sexta-feira, 20 de agosto de 2010


René Magritte


Retenho a respiração. Só o vento a invadir a garganta. O vento e o murmúrio. Um sopro. E de novo a respiração. Lembrando-me a condição humana. Tipo ferrete. Fecho os olhos. Respiro. Afinal sou humana. Mas cá dentro a insurreição começou. De olhos fechados. Respirando. Congrego os sentires e parto para algures, como numa ausência, como se a respiração fosse apenas essa palavra de culto na actual sociedade portuguesa - um fait divers.

HFM - Lisboa, 18 de Agosto de 2010

6 comentários:

Ad astra disse...

palavras para que?

um sopro mesmo...

jrd disse...

Quem escreve assim o nosso desencanto?!...
Magnífico!

Ana disse...

A respiração das palavras.

Manuel Veiga disse...

penetrante. e luminoso.

belissimo.

admirável texto.

beijos

mfc disse...

O ferrete de (por vezes) viver...
Lindo!

AC disse...

O exercício da insurreição, ainda que breve. Dá, pelo menos, para oxigenar mais uma parte do percurso.

Beijo :)