quinta-feira, 31 de março de 2011

Anoitecidos

Falava-te do grito quando a hora era breve e o ar sereno. Contrastes, dizias tu. Sorria. O grito domina a vida na sequência dos dias. Da sofreguidão à demência. Do nascimento à morte.

No grito se encerram todos os silêncios.

Sibilino o silêncio continua a martelar gritando ao mar e a inocência desfaz-se nas ondas que se quebram e se refazem.

Que o eco te leve o meu grito. Sempre um sinal de vida, de espanto, de revolta, de assombro.

O vento grita o impossível numa clareira de todos os inviáveis.

HFM - Lisboa, 29 de Março de 2011



4 comentários:

mfc disse...

O grito é polissémico... mas nos dias que correm assume a revolta necessária!

Ad astra disse...

ecoa o grito trazido no vento

martelando

e as ondas quebram e refazem-se

addiragram disse...

O grito guarda todas as palavras silenciadas, dos os desesperos que não se afundaram, toda a possibilidade de renascer!
Mais do que nunca acordemos o Grito!

Manuel Veiga disse...

"No grito se encerram todos os silêncios" - lapidar!

quem poderia dizer melhor?

que o vento te afague os dedos! sempre...

beijos