Deixo, então, que a modorra me invada enquanto algures a vida se desenrola lá em baixo. Aproveito as memórias, as certezas e com elas construo, qual beduíno, a tenda que neste habitáculo habito, feita de colunas, de mar, de esperança e de um sentimento único e indestrutível.
Não ligo aos desvios. Aos hiatos. À superfície mantenho a linha que, comigo, também veio passear. Crio-lhe espaço na sensibilidade dos dedos e do olhar e projecto no infinito a imagem que me habita. Recordo traços e nos gestos recuperados desenho o sorriso. Sem sombras. Sem projecções. Apenas a essência do essencial. A marca presente dos dias seguros. A coluna que tudo sustenta até o galope dos cavalos. E o mar que, talvez, não ande longe, embora em sentido contrário.
Amarras consolidadas. Âncoras de que não preciso. Certezas a que me agarro. E quando a dúvida me assalta, sorrio - coisas do meu signo, digo-me, e deixo que escorram todas as certezas que trago comigo.
Voa coração, voa. Leva a imaginação e o que aperto na minha pele - entre mar e céu - a plenitude.
Algures nos céus, 10 de Maio de 2009
13 comentários:
De como me perco nas palavras. De como as nuvens são sempre diferentes.
Catedrais (da memória, também) suspensas em mares, enquando voamos.
Nem céu, nem terra: somos seres de flutuar.
Bj
" A essência do essencial" ...
... a plenitude que estar entre mar e céu confere.
Um beijo, Helena.
O mundo a correr, lá em baixo, e a imaginação entre mar e céu.
Haverá mais Sophia. Está prometido.
Belíssimo. Profundíssimo.
(Obrigado pelas suas palavras. Eu sinto-me em falta consigo, com esta sua acolhedora casa. Cada vez mais tarefas, obrigações e solicitações cibernéticas e cada vez menos tempo para as coisas dos outros...)
beijinhos
bons esses momentos em que é possível voar
mesmo nas núvens a sensibilidade dos dedos que consolida amarras
sem sombras e sempre eminente, a plenitude...
fantástico!
entre céu e terra
o fio
in visível
] golpe-seco-de-ser
~
Que seria de nós se não conseguíssemos, por vezes, cortar amarras e partir, voando/sonhando, céu além...
sublime. perto do Céu, dir-se-ia...
beijo
o saber pleno que te faz ser diferente
.
memória do essencial.
.
mais perto do que vale a pena. e só.
abraço.
grato.
...E o mar em sentido contrário.
Abraço
belíssima reflexão, em toda a plenitude da alma...
Voar contra o vento
e se preciso for
com a ajuda das marés
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