quarta-feira, 20 de maio de 2009





Deixo, então, que a modorra me invada enquanto algures a vida se desenrola lá em baixo. Aproveito as memórias, as certezas e com elas construo, qual beduíno, a tenda que neste habitáculo habito, feita de colunas, de mar, de esperança e de um sentimento único e indestrutível.

Não ligo aos desvios. Aos hiatos. À superfície mantenho a linha que, comigo, também veio passear. Crio-lhe espaço na sensibilidade dos dedos e do olhar e projecto no infinito a imagem que me habita. Recordo traços e nos gestos recuperados desenho o sorriso. Sem sombras. Sem projecções. Apenas a essência do essencial. A marca presente dos dias seguros. A coluna que tudo sustenta até o galope dos cavalos. E o mar que, talvez, não ande longe, embora em sentido contrário.

Amarras consolidadas. Âncoras de que não preciso. Certezas a que me agarro. E quando a dúvida me assalta, sorrio - coisas do meu signo, digo-me, e deixo que escorram todas as certezas que trago comigo.

Voa coração, voa. Leva a imaginação e o que aperto na minha pele - entre mar e céu - a plenitude.

Algures nos céus, 10 de Maio de 2009



13 comentários:

bettips disse...

De como me perco nas palavras. De como as nuvens são sempre diferentes.
Catedrais (da memória, também) suspensas em mares, enquando voamos.
Nem céu, nem terra: somos seres de flutuar.
Bj

Ana disse...

" A essência do essencial" ...

... a plenitude que estar entre mar e céu confere.
Um beijo, Helena.

Rui Afonso disse...

O mundo a correr, lá em baixo, e a imaginação entre mar e céu.

Haverá mais Sophia. Está prometido.

francisco carvalho disse...

Belíssimo. Profundíssimo.

(Obrigado pelas suas palavras. Eu sinto-me em falta consigo, com esta sua acolhedora casa. Cada vez mais tarefas, obrigações e solicitações cibernéticas e cada vez menos tempo para as coisas dos outros...)


beijinhos

Teresa Durães disse...

bons esses momentos em que é possível voar

Ad astra disse...

mesmo nas núvens a sensibilidade dos dedos que consolida amarras

sem sombras e sempre eminente, a plenitude...


fantástico!

~pi disse...

entre céu e terra

o fio

in visível

] golpe-seco-de-ser




~

Justine disse...

Que seria de nós se não conseguíssemos, por vezes, cortar amarras e partir, voando/sonhando, céu além...

Manuel Veiga disse...

sublime. perto do Céu, dir-se-ia...

beijo

isabel mendes ferreira disse...

o saber pleno que te faz ser diferente



.

memória do essencial.

.

mais perto do que vale a pena. e só.


abraço.






grato.

jrd disse...

...E o mar em sentido contrário.
Abraço

© Maria Manuel disse...

belíssima reflexão, em toda a plenitude da alma...

Mar Arável disse...

Voar contra o vento

e se preciso for

com a ajuda das marés