quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Outonal



era uma manhã de sol
igual a outras
monótona na aparência
da simetria dos traços
o olhar intensificava
as cores nos dedos
o verde diluía-se em amarelos
e a luz de outono
cerrava os olhos
numa contínua afirmação.
os gatos indiferentes
ensonavam-se em poses
quase estáticas
e dos ruídos só a cidade
enrolando-se na terra.

são breves momentos únicos
quase inúteis
ferrando nos dias
a doce textura dos marmelos.


HFM - Lisboa, 24 de Outubro de 2008




13 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

são únicos os momentos que as tuas palavras me dão...de conforto!!!!

outono-me. assim. no teu saber.


bjj.

© Maria Manuel disse...

bonito poema de outono.

Teresa Durães disse...

lindas a descrição deste outono

Fred Matos disse...

Ótimo poema. Belo como as cores outonais.
Beijos

Luis Eme disse...

sim, é Outono, nas tuas palavras e na bela imagem, Helena...

Graça Pires disse...

Outono em tons de mel e fogo.
Um beijo Helena.

ma grande folle de soeur disse...

Lindo. E esta foto fez-me logo pensar no haiku do Bashô que achaste magnífico...

jrd disse...

São os poemas como este que me fazem gostar do Outono.

Ad astra disse...

hoje estou como os gatos
só a tua escrita me acorda

mfc disse...

Uma fotografia, um óleo, uma aguada,esboço ou uma narrativa lindíssima.

vida de vidro disse...

Momentos dourados de suavidade captada nas palavras. Eu gosto do Outono. **

Anónimo disse...

ligne de cabotage,
tres beau nom, tres beau blog, tres belle photo, qui me donne envie d'apprendre le portugais pour saisir un peu plus que
la lumiêre de l'automne, les chats indifférents...

Melga do Porto disse...

Porque são sempre breves os momentos únicos!
Têm que ser?
Devem-no ser?
Ou simplesmente o são!
Não tenho resposta.
Também não pergunto.
Mas conheço a, nem sempre, doce textura dos marmelos!
Depende da árvore, como dependem os momentos de nós.
:-)