sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Do diário


Nas manhãs em que a chuva afasta a poeira corre na cidade um frenesim tonto. Melodias de buzinas entoam os cânticos que os carros compõem e a severidade dos rostos mostra como a orquestra da chuva desafia no ar a melodia. Interiores sem beirais. Labirintos que não encontram personagens. Nevoeiros espalmando na alma as angústias.

Vai longo este inverno de frio, de chuva, de desalento. Um pouco de sal talvez espevite o sol. Um pouco de esperança talvez atice os homens.

Faz falta um pouco de encanto. Ao fundo vislumbra-se uma réstia sem bruma, será miragem?


HFM - Lisboa, 12 de Janeiro de 2010

7 comentários:

Ad astra disse...

não é miragem, não

é um prenuncio de oásis


e que belo texto para se ler logo de manhã, musical mesmo.

Luis Eme disse...

é assim, Helena...

gostamos de chuva de vez em quando, e de preferência a vê-la cair dentro de casa, pela janela.

abraço

~pi disse...

são os anjos

os anjos

assim

[ nus de

espadas,





~

Justine disse...

O tempo está como o nosso espírito. Desalentado. Triste.Ainda sem oásis à vita...

jrd disse...

Não sei se é miragem, mas sei que não será oásis.

bettips disse...

Sinais
concêntricos na água
basta uma simples gota ou folha.
Uma falha dentro da terra.

Acolher a paz possível como uma criança descalça.

Manuel Veiga disse...

nevoeiros que nos perseguem...

beijos